segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Pensamentos no caminho - Parte 2



A grande diferença de fazer o Caminho e ficar no conhecido é essencialmente que no Caminho tudo muda.
Encontramos e ''desencontramos'' pessoas, fazemos ligações fortes que ficam, ligações fortes que cessam, ligações fracas, etc.
No Caminho tudo muda. Não existe um Caminho igual, mesmo que o Espaço nunca mude.
Cada dia de caminho é fastidioso, cansativo e ao mesmo tempo revigorante, intenso, cheio de vida, cheio de cansaço físico.
Serve de contraponto ao nosso dia a dia, quiçá aconchegante, pouco intenso, pleno de sobrevivência e cheio de cansaço mental
De algum modo o caminho é um Processo. O mais curioso de tudo é falar do Caminho como o vivi. Para quem lê não passam de episódios, não significam nada. Escrevo na ansia de realizar dois pontos: conseguir sintetizar e transcrever para o papel o que vivi, e ao mesmo tempo, transmitir alguma luz a todos os outros.
Fiz o Caminho sem esperar faze-lo. Só tres horas antes de partir decidi para onde ia.
Não li nada, apenas me informei que existiam albergues e muito baratos, e que o destino era a Catedral de Santiago.
Ir na aventura foi a melhor coisa que fiz. Mas claro não podemos fazer caminhos atrás de caminhos.
Aconselho a todas as pessoas a fazerem o caminho. Mas faze-lo pelo caminho, pela descoberta, melhor, pela auto-descoberta. De preferência sozinho e a saber apenas o minimo possivel.
Reparei que quando algumas pessoas levavam companheiros ou amigos, um dos aspectos que acontecia era darem-se menos com o grupo. E ir a saber o minimo é abdicar do controlo, apenas viver sem sabedorias atreladas.
Aliás muitas informações são dadas no caminho.

Agora...que esse Caminho ficou para trás, e outros Caminhos se abrem, agora que o bichinho de voltar existe, repenso e reflicto.
Que mudou?

Encontro-me numa enorme encruzilhada, agora mais adicto que nunca à aventura, mas a buscar um novo rumo.
Aprendi que quando um caminho cessa é um sinal que existe algo a aprender. Pode ser que Aquele caminho não fosse o certo. Ou que apesar de ser o certo há algo a aprender e mudar antes de continuar.

Veremos...

Tenho a certeza agora, que no momento certo um Novo Caminho se abrirá. Até lá reflicto....



domingo, 26 de outubro de 2014

Uma cena estranha

4h da manhã.
Não conseguindo dormir muito bem devido a uma dor na coluna, por volta das quatro ouvi um estranho barulho.
Assim como uma cena de suspense abri a janela lentamente para espreitar a rua.
Tudo calmo. Não havia ninguém. Apenas a escuridão, a lâmpada ofegante do candeeiro público, nada mais.
Perdido de sono decidi fechar a janela e voltar a dormir.
Mal tinha fechado a janela a 90 graus, qual Laura Palmer a entrar no quarto, reparo a um canto do meu ângulo de visão, como uma frame, uns pés escondidos!!!
Havia na verdade alguém sentado fora do meu ângulo de visão, mesmo ao lado da minha casa, e o que se viam era apenas os pés. Devo confessar que tremi por um momento.
Com mais nitidez vejo o rapaz que anda por ai a mendigar a comer algo sofregamente e passados alguns minutos, não sei se por vontade própria ou não, levantou-se, tapou a cabeça com capuz do casaco e desceu a rua apressadamente.

sábado, 25 de outubro de 2014

Energias e Reflexões do Tarot para Novembro

O Tarot é mais que um meio de prognóstico, na verdade é uma ferramenta de auto-conhecimento, e um instrumento para podermos caminhar para um destino mais feliz pois ajuda-nos a fazer escolhas, a mudar de rumos, incentivando outros e ajudando na descoberta do Eu.

Novembro tem no tarot comum, as cartas :

 Rainha de Espadas  e  8 de Paus 

E no tarot dos anjos,
Sinais - Anjos da Guarda ''Os seus anjos estão a enviar sinais, abra-se para os receber''.


Este Trigono de cartas revelam que Novembro vai ser um mês para terminar certos aspectos da sua vida e de ter atenção a novos caminhos que se abrem.

A Rainha de Espadas revela que existem Experiências dolorosas que precisamos de passar, para depois obtermos o conhecimento das mesmas.

Ou seja é uma boa altura para se libertar da confusão, de deixar para trás toda uma cartilha de controlo e fanatismo e fazer um RESET.

Simboliza que a sua mania de controlar, de achar que ''tudo tem que ser como acha que tem que ser'', que esperar o resultado X é o seu propósito, que a maneira como faz as coisas é a maneira certa apesar de não atingir os resultados que almeja, tudo isso tem de TERMINAR.

A sua forma de fazer as coisas CESSA. É Imperativo que cesse, que termine.

A vida foge do nosso controlo, para aprendermos que nada podemos controlar. E ai ao não controlarmos percebemos um lado da vida diferente, e com essa experiencia e essa candura passamos a vislumbrar resultados mais positivos.

O 8 de Paus indica fim de um ciclo. Mas um fim positivo. É um volte de face favorável. 
Indica novas conquistas, novos horizontes, conclusões felizes.

Mas isso é o resultado de se libertar de velhas roupagens, tiranias e maneiras com que vê a vida. 

Novembro é então um mês para:

  • libertar-se do controlo, abdique de controlar, de desejar, de achar que tem que ser.
  • encontrar novos caminhos
  • questionar a sua vida
  • mudar de direcção
  • mudar de casa, de estilo de vida, de roupas, de livros, de relações, etc
  • mudar a maneira de Ser
A carta dos Anjos  diz também que ao se libertar do velho, da sua maneira enferrujada de ver a vida, ao tomar outra direcção de algum modo já se encontra a ''ouvir'' os anjos.
Escute os seus sinais. Os anjos aparecem em qualquer lado a dar-lhe conselhos - numa conversa com um amigo, numa discussão com um ''inimigo'', num filme, num livro, num objecto que cai, numa sensação nova, numa música.

Os Anjos não são homenzinhos com asas nas belas teologias ou contos de fadas, são arquétipos energéticos que têm a função de o levar a SI. De despertar a sua missão, de tornarem o mundo num local melhor.

Vou contar-lhe um exemplo.
No último dia da minha peregrinação para Santiago, mesmo a poucos quilómetros da cidade, eu desesperei. Já não aguentava os pés, estava cansado e só pensava que se tivesse sozinho eu ficava ali no meio do mato.
Então disse - Anjos, Seres de luz, deiam uma ajudinha que já não consigo mais.

Passado uns minutos aparece vindo de uma estrada um coreano dos seus sessenta ou setenta anos, com uma grande capa azul e meteu conversa comigo. 
Descobri que se chamava Ki ( lê-se CHI) e que era da Coreia do Sul. Conversamos um bom bocado e de repente cada um seguiu para seu lado. O mais curioso é que apesar do caminho ainda ter sido bem duro dali para a frente, por um bom bocado senti-me mais relaxado e consegui aguentar melhor.

Claro que o senhor apesar de não ser um anjo, foi um sinal. Com a conversa aliviei o stress e pude continuar.

Creio que quando abdicamos de controlar e nos entregamos ao processo interno, à vida, de algum modo as coisas tornam-se por vezes mais suaves e as aprendizagens apesar de poderem ser dificeis nos deixam sempre uma sensação de plenitude. 

Resumindo, Novembro vai ser um mês custoso, dificil e chato, até que deixe cair o controlo e a intolerância e escolha um novo rumo para a sua vida.

Cada signo tem uma carta para Novembro também :

CARNEIRO
Acentua-se para estes nativos a necessidade de uma nova vida. Cuidado com tirania porque ''o que vai, volta''. Bom periodo para fazer mudanças quer seja em casa, emprego, relações, etc. Boa altura para uma desintoxicação, tome Cardo Mariano e Vitamina D.

TOURO
Ilusões todos temos. Mas para irmos em frente temos que as dissipar e partir para o real. É um período para conseguir discernir o que fantasiou ou temeu e enfrentar o dia a dia. Verá que não é assim tão complicado. Estabilidade. Na saúde, faça meditação para reduzir ansiedade e stress.

GÉMEOS 
Bom periodo para estes nativos. Chegou a hora de ir em frente. Aceite as coisas como são. Perceba as razões por detrás disso e aja depois. Existem apenas 2 vias para seguir em frente - pelo sofrimento ou pela aceitação. Aceite e veja a vida a melhorar. Saúde boa.

CARANGUEJO
Não seja o Atlas do mundo. Não precisa de aturar tanto e se atura é porque deixa. Altura para descansar e partir para novas aventuras. Solte-se mais. Cuidado com problemas da coluna - tome cálcio e magnésio.

LEÃO
Boa altura para cuidar de si. É um bom periodo. Seja mais criativo, deixe de lado um pouco a tirania e a critica e concentre-se em si. Faça coisas que o alegrem. Saúde muito boa, aproveite para apanhar Sol.

VIRGEM
Cuidado com burocracias. Está na altura de domar mais o ego e a ilusão. Possiveis dividas ou problemas que advém do passado. Mas saiba que ao confrontar a justiça poderá resolver coisas que tinha fechado dentro de si. Na saúde tome cuidado com a saude oral - bocheche com elixir de plantas como hortelã, alcaçuz e aloé.

BALANÇA
Boa altura para ver as coisas boas que a vida lhe deu. Aja sempre de acordo com o coração. Bom período. Saúde estável, cuidado em não cair na melancolia, tome passiflora e erva cidreira ao deitar.

ESCORPIÃO
Altura de fazer escolhas. Nada serve continuar num mundo que já conhece e controla. As maiores alegrias da vida advéem da aventura, da emoção. Repense bem a sua vida. Saúde estável, tome Ginseng para ter mais energia.

SAGITÁRIO
Enfrentar o mundo não significa ser um lobo solitário e fazer tudo á socapa. Na verdade precisamos dos outros. Seja honesto consigo mesmo e com os outros. Faça as decisões sem medo. São suas, as opiniões dos outros ficam com eles. Pense bem antes de qualquer aventura. Saúde um pouco frágil, tome Echinácea para se proteger das constipações.

CAPRICÓRNIO
Viver em solidão não é para todos. Bom periodo para sair - faça voluntariado, visite um amigo antigo, aprenda algo novo, vá dançar com amigos, etc. Boa altura para estar em sociedade, em ser útil. Saúde equilibrada - procure um terapeuta, faça massagem sacrocraniana ou Reiki para se equilibrar.

AQUÁRIO
Boa altura para passar a ver a vida de um modo doce e meigo em contraste com a sua visão cinza dos últimos tempos. Aproveite para fazer algo Vivificante - tenha um filho, plante uma árvore, visite um idoso, faça uma festa para amigos, dê um abraço a quem não gosta, perceba as razões futeis de tantos comportamentos. Saúde muito fértil. Se for homem tome Geleia Real para animar a sua vitalidade, se for mulher Agno Casto.

PEIXES
Pode entrar num dilema - controlar ou entregar. Talvez tenha que entregar certos aspectos para depois controlar outros. Vai ser um mês de muita abundância, mas ao mesmo tempo pode acontecer sentir-se mal. Cuide da sua energia, veja se segue o seu coração ou os seus ideais e visão de como viver a vida. Saúde estável, prefira alimentos calmantes e drenantes como melancia, melão, gelatina, saladas.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sinais

Durante a tarde senti-me preocupado, como sempre, não comigo, mas questões de Saúde.
Peço aos anjos uma carta do Tarot dos Anjos sobre a pessoa em questão e sobre a saúde.

Arcanjo Raziel
'' Pense no que deseja, não no que teme.''
Boa resposta. Eu sou sempre ao contrário. Temendo, temendo, temendo, e se calhar desse modo criando um mundo mais temeroso e assustador.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Dependência


"It's beautiful to be alone. To be alone doesn't mean to be lonely. It means the mind is not influenced and contaminated by society" ~ Jiddu Krishnamurti  There is a difference between being alone and being lonely. Loneliness is dependency, attachment, need - and our relationships today are filled with lonely people. That's why they don't last. Learn to be alone. Learn to be completely secure with yourself first before you try it with another.

'' O sol tenta passar através das nuvens, provavelmente vai consegui-lo ao longo do dia. Num dia é Primavera, e no seguinte parece Inverno. O tempo é como os estados de espírito do homem, em cima e em baixo, escuridão e luz temporárias. Sabes, é estranho como desejamos a liberdade, mas fazendo de tudo para ficarmos escravos. Perdemos toda a nossa iniciativa. Esperamos que os outros nos guiem, nos ajudem, sejam generosos e pacíficos, voltamo-nos para gurus, mestres, sábios, salvadores, meditadores. Alguém escreve grande música, outra pessoa toca-a, interpreta-a à sua maneira e nós ouvimo-la, apreciamo-la ou criticamo-la. Somos a audiência que olha para os actores, para os jogadores, para o ecrã de cinema. Outros escrevem poemas, e nós lemo-los; outros pintam, e nós ficamos pasmados em frente das pinturas.
Não temos nada, e voltamo-nos para os outros, para que eles nos entretenham, nos inspirem, nos guiem ou nos salvem. Cada vez mais a civilização moderna nos destrói, nos esvazia de toda a criatividade. Por dentro estamos vazios e esperamos que outros nos enriqueçam, para, desse modo, o nosso vizinho se aproveitar disso para explorar ou sermos nós a tirar proveito disso.
  Quando se tem consciência das muitas implicações respeitantes à nossa dependência dos outros, essa mesma liberdade é o inicio da criatividade. Essa liberdade é uma autêntica revolução, e não uma falsa revolução relativa a ajustamentos sociais ou económicos, sendo estes uma outra forma de escravização.
    As nossas mentes constroem pequenos castelos de segurança. Queremos ter a certeza acerca de tudo, dos nosso relacionamentos, realizações, esperanças, futuro. Erguemos estas prisões interiores e amaldiçoamos qualquer que tente perturbar-nos. É estranho como a mente está sempre à procura de uma zona onde não haja conflito, perturbação. A nossa existência é uma constante destruição e subsequente reconstrução, de várias formas, dessas zonas de segurança. A nossa mente torna-se assim uma coisa embotada e deprimida. A liberdade consiste em não ter segurança de qualquer espécie.
    É realmente surpreendente ter uma mente serena e muito calma, sem uma única onda de pensamento. Claro que a quietude de uma mente morta não tem nada a ver com uma mente naturalmente tranquila. A mente é forçada a aquietar-se pela acção da vontade. Mas será que ela pode estar profundamente, totalmente, silenciosa? É de facto extremamente surpreendente o que acontece quando a mente está em silêncio.
   Nesse estado, toda a consciência, que tem a ver com conhecimento e reconhecimento, cessa; acaba a busca instintiva da mente, que é memória. E é muito interessante ver como a mente faz tudo para capturar esse estado indizível através do pensamento, da verbalização, do aperfeiçoamento dos símbolos. Mas para que esse processo termine, natural e espontaneamente, temos de morrer para tudo. Não queremos morrer e, assim, há sempre um esforço inconsciente em marcha, a que chamamos vida. É estranho como a maioria das pessoas quer impressionar todas as outras, através das suas realizações pessoais, da astúcia, dos seus livros - utilizando qualquer meio para se afirmar. ''

in Cartas a uma jovem amiga, Krishnamurti

domingo, 19 de outubro de 2014

O Poder do Mito de Joseph Campbell


Série de entrevistas com Joseph Campbell, grande investigador e mitólogo sobre Mitos, que na verdade são arquétipos que existem no nosso subconsciente e são expressos pelo mundo todo.
A primeira parte é sobre o Herói.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Evoluir é Transmutar



“É a acusação que faz seu coração ficar fechado” Srim Prem Baba


[1] “Para que possamos acolher tudo aquilo que não está nesta frequência, devemos acolher o barulho e alquimizá-lo dentro de nós, ao invés de criar mais separação; ao invés de criar mais isolamento. O nosso trabalho é acolher. É trazer tudo para o coração. Tudo se dissolve no amor. Tudo se dissolve no silêncio, porque o amor é silêncio. (…)

[2] Então, se você já pode conquistar isso em algum grau, eu sinto que é muito importante que você possa aprender a partilhar isso. Mesmo que às vezes você caia. Essa queda é um sacrifício, e ao mesmo tempo, é também o seu aprendizado. Significa que você não está ainda completamente imune; não está completamente pronto porque você ainda se identifica. Se o outro te convida para brigar, então você aceita e briga. Você vai estar realmente pronto, quando você não aceitar mais o convite. Isso significa que a sua mente se tornou equânime, porque o barulho lá fora não vai cessar. Se você espera que isso aconteça, você está iludido. Isso é uma esperança mágica. Lá fora o mundo vai continuar te convidando para a briga. A questão é se você aceita esse convite ou não. Assim tudo o que acontece aqui nesta escola é justamente para te ensinar sobre o caminho do coração, e para na prática poder te ajudar a entrar nesse espaço de equanimidade mental. (…)

[3] Lembre-se de que o que caracteriza a maturidade espiritual é essa capacidade de se doar. Se você não está neste momento, ok. Também não vai criar a máscara do bondoso, do generoso, do espiritual. Ok, então admita o seu egoísmo. Eu não tenho nada para dar neste momento mesmo. Não quero dar nada neste momento. É uma passagem também absolutamente natural. Mas saiba que você está se movendo do egoísmo para o altruísmo. Você pode não estar ainda podendo ser canal do altruísmo, mas em algum momento você poderá manifestar isso. Não se cobre, não se culpe, mas saiba, não se engane. Em algum momento essa capacidade de perdoar e de amar precisa ser iluminada. Em algum momento você vai precisar renunciar o jogo de acusações, porque é a acusação que faz seu coração ficar fechado. Se o coração está fechado, vá investigar e você vai encontrar a acusação. Às vezes, essa acusação está tão arraigada, você está tão viciado neste jogo que nem percebe. Você faz mecanicamente. Se existe acusação, tem comparação. E a comparação e o julgamento abrem as portas do inferno. Aí você acaba realmente acordando sua natureza inferior. Então, você perde o silêncio, perde o amor que foi conquistado. Isso tudo você vai aprendendo na vida, à medida em que você se permite se relacionar. Você não tem como fugir de relacionamentos, porque a vida é relacionamento. Você se relaciona com outro ser humano, relaciona-se com os objetos ou com seus próprios pensamentos, mas você vai sempre precisar se relacionar com alguém ou com alguma coisa. Muitas vezes não importa com quem você está se relacionando. Eu vi uma vez uma pessoa tropeçando em um degrau da escada e chutando a escada porque tinha tropeçado, culpando o degrau porque tinha derrubado-o. Então, não faz muita diferença. Quando a sua mente está condicionada e viciada no jogo de acusações, você arruma briga até com o vento. Arruma briga com a chuva. (…)
[4] Todo o sofrimento neste mundo é o amor aprisionado no coração. É simples assim. Essa é a síntese máxima de toda a história. Quanto maior o sofrimento, maior é a obstinação. Tem alguém sentadinho na porta do coração dizendo: ”Eu não dou, não dou, não dou”. “Ou é do meu jeito, ou então eu não dou.” É simples assim. Que horror! Uau… A questão é que esta obstinação sempre tem de um lado o medo e do outro o orgulho, sempre de mãos dadas, escolhendo ficar isolado; escolhendo ficar separado; escolhendo não partilhar o seu tesouro. Cada qual com suas razões: porque foi magoado, porque está ressentido e aí cada um tem uma história para contar. Mas você é essa história que você conta? É verdade mesmo que você tem razões para manter o coração fechado? Dependendo do grau de identificação e encantamento com essa história , você acredita que realmente tem razões para não querer dar nada para ninguém. Pois é. Como a gente vê bem nos contos de fadas. Quando o príncipe está encantado transformado em um sapo, ele é um sapo, não é? Ele acredita que é um sapo. E então, aquele ser humano que está com o amor trancado no coração, ele está sob o efeito desse encantamento, ele acredita ser um sapo e está tendo um prazer imenso em comer moscas. (…) O ser humano carrega dentro dele uma capacidade de perdoar infinita; a capacidade de amar que é infinita. E você está aqui para acordar essa capacidade. Tem momento em que vai ficar difícil mesmo, porque eu estou querendo que você se lembre de que é o príncipe, que pode experimentar outros sabores, mas você ainda está escolhendo a mosca. Às vezes, você lembra um pouco: “Talvez eu seja mesmo um príncipe”. E você experimenta isso e depois volta. Há umas oscilações até que você estabiliza. (…)”

Ninguém se pode curar de uma ferida, se diariamente mexe e volta a ferir-se no mesmo lugar

Ébola, além do medo e da histeria



''El miedo es un ingrediente fundamental en el ejercicio del poder: acalla, paraliza, dificulta la reflexión o la anula y favorece la obediencia, la transformación de poblaciones libres en masas aborregadas dispuestas a aceptar soluciones cómodas y rápidas aunque ello implique renunciar a derechos fundamentales o violentarlos por parte de quienes dirigen la operación de control.''           in Dsalud


Ébola é uma doença essencialmente endémica, provocada pelos virus do género Ébola.
Transmissivel por fluidos, não sendo dispersável pelo ar como as gripes e constipações, tem sintomas comuns a várias doenças como náuseas, febre, dors musculares e vai progredindo até progredir para hemorragias internas ou externas.

É uma doença com alto indice de fatalidade - 70-80%.

Tudo isto são os factos do Ébola, mas não esquecer:

  • população atingida por Ébola é uma população subnutrida, com muitas infecções bacterianas, virais ou parasitárias como malária, febre amarela, cólera, tuberculose, Hiv, hepatite
  • É uma doença que é transmissivel por fluidos - apenas contacto boca a boca, sangue, relações sexuais, contacto directo pele ferida com pele ferida, espirros directos
Ou seja, Ébola tem condições para florescer em África o que não significa que isso se possa traduzir ou não, noutros paises. Mas é dificil!

A onda de panico e medo que o ultimo surto tem gerado apenas tem satisfeito um unico cliente - As Farmaceuticas.

Situação Alarmante ====>>>>Governos encomendam medicamento/aumentam fundos para Entidades e Investigação e Comercialização ====>>Farmacêuticas fabricam =====>>Vende-se produto ====> Farmacêuticas enriquecem $$€$$!!!

Além disso o CDC - Center for Disease control, tem a fama de ser controlado quase completamente por directores de várias farmaceuticas, assim como a Organização Mundial de Saúde.

O CDC lançou alerta:
  • 1949 - sobre ataque biológico, que nunca se verificou....
  • 1957 - sobre epidemia de gripe, que não se verificou
  • 1976 - sobre epidemia de gripe, que ficou muito aquém
  • 2009 - famosa Gripe A, que endividou governos e não aconteceu
Em tudo isto apareceram sempre - Vacinas, medicamentos, etc para combater e que com isso enriqueceram as companhias.

Houve uma pequena descoberta que fiz hoje - na famosa epidemia de 76, nos EUA, em conta da falsa epidemia, foi vendida uma vacina que causou 25 mortes e 500 casos de sindrome de Guillain-Barré...enquanto a ''tal epidemia'' matou apenas uma pessoa!!!!!

Todos se lembram da Gripe A!!! O governo português comprou milhares de unidades de Tamiflu. Afinal a pandemia não se verificou e o Tamiflu era/ é ineficaz e pouco efectivo em qualquer tipo de gripe.


E agora o Ébola.

A Mapp Biopharmaceutical está a criar um medicamento experimental, o muito divulgado Zmapp, curiosamente, a empresa subiu na bolsa quase 20%
A Tekmira é uma empresa muito ligada ao grupo Monsanto ( sim o mesmo grupo que quer à força massificar o consumo de produtos geneticamente modificados e o uso de pesticidas), com a sua ´´famosa vacina canadiana´´ já subiu 33% em bolsa.
Nos EUA e em vários paises da União Europeia já subiram as encomendas para máscaras, protectores, luvas, etc.

O Medo e o uso excessivo de noticias relacionados com Ébola são uma enorme arma de propaganda!!

E podem dizer, mas não existem soluções para o Ébola! Claro que existem...

Eis algumas ferramentas de prevenção e tratamento, para uma suposta epidemia, que não vai acontecer:

Primeiro - NUTRIÇÃO. Os povos de África não têm bom sistema de saneamento, e além disso são povos que têm inúmeras dificuldades em se alimentarem convenientemente, além de terem inumeras epidemias como malária e tuberculose, o que leva a um sistema imunitário esgotado.
Nutrição é o grande passo - frutas, legumes, peixe, alguma carne são a primeira ferramenta.

Segundo - Vitamina C - o virus do Ébola causa a subida de radicais livres, o que a Vitamina C pode parar. Além disso, reparem que o grande problema do Ébola são as hemorragias, e a Vitamina C tem capacidade de parar hemorragias. Lembrem-se do escorbuto que fazia hemorragias e cair os dentes. Assim a Vitamina C não só estimula as defesas, protege dos efeitos celulares do virus e combate as hemorragias.

Terceiro, Vitamina K. Exerce um papel fulcral nas hemorragias, além de ter um efeito protector nas células endoteliais, onde o virus se aporta.

Quarto, SOL. A radiação ultravioleta, especialmente o Sol, é capaz de matar em segundos o virus. Existem já aparelhos para irradiar sobre mucosas, narinas e atmosfera, eliminando virus em segundos. Estar ao Sol é uma outra medida, uma vez que ajuda a sintetizar a vitamina D, que estimula as defesas.
Quinto, Fitoterapia. Existem diversas plantas com poder para inibir e travar o Ébola, - Garcinia Cola, Artemisia Annua são duas plantas com potencial antiviral que não são usadas apenas por ganancia farmaceutica. Existem muitas outras plantas que podem ajudar - Equinácea para defesas, Tomilho como antiséptico, Cardo Mariano para figado, Hamamélis e Castanheiro da india para ajudar circulação e tecidos endoteliais, Pau d'arco com vitamina K e auxiliar na anemia, etc.

Sexto, existem alguns medicamentos que têm alguma capacidade de inibir parcialmente o virus em caso de infecção como a Amiodarona ( usado para arritmias) e Clomifeno ( para cancro de mama e endometriose).

Sétimo e último, a sua vontade. É talvez o aspecto mais importante. Capaz de saber quando algo é real ou ilusório, capaz de se deixar ir em patranhas ou saber qual a realidade.

Concluindo, não se deixe ir no panico! Tudo isto apesar de real é amplamente massificado e ampliado para que cada cidadão e os Governos se deixem ir, alimentando ainda mais os poderes de controlo e do lucro.
 Adopte uma dieta saudável, tome Vitamina C ( essencialmente por causa do Inverno), e despreocupe-se. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Pensamentos no caminho

Cascada río Barosa
Rio Barosa ( entre Pontevedra e Caldas)

Somos pessoas de hábitos - telemóvel, filmes, televisão, horas, números, distâncias, etc.
No entanto tudo isso por muito bonito que seja, são apenas formas limitadas a que nos acostumamos.
Muitas e muitas vezes compramos coisas novas - livros, filmes, viagens, carros, relógios, perfumes, etc - tudo numa ânsia que temos dentro de nós, para preencher o vazio.
E a cada coisa que compramos, outras faltam.
E assim vamos completando colecções, teorias, números e objectos, sempre a tentar tapar o buraco. E ele nunca fecha.
Por vezes coleccionamos relações, amigos de facebook, números de telefone, desabafos, deuses e religiões. Apesar de haver um maior conhecimento do buraco, uma vez que trocamos a matéria por relações, continua a ser uma busca vã.
Não existe a mulher perfeita que sonhamos, o homem perfeito, talvez nem o Deus perfeito. Achamos na nossa vã glória que somos melhores que os outros, que buscamos alguém X ou Y. Na verdade continuamos a querer encaixar algo. E a verdade é que não tem que encaixar nada.
Grande parte das relações humanas são jogos de interesse, pequenos encaixes, tentativas de preencher vazios uns dos outros. E vamos apontando fora as razões internas, vamos criticando o mundo, o pais ou a pessoa X, quando na verdade o Exterior é apenas um reflexo do interior, e que o problema esta em quem critica.
Somos uns críticos de merda. Cínicos. Que razão temos em querer um mundo melhor quando nada fazemos por isso? Porque apontamos o dedo ao outro quando a ferida que isso causa acontece dentro de nós?
E podem passar anos, vidas até.
Teremos vários insights, várias luzes, várias forças, que veremos depois serem apagados e engolidos pela obscuridade interna do nosso ego, não pelos outros.
As grandes amarras são as nossas amarras. Não são a dos pais, do país, ou de quem quer que seja. Escolhemos o mundo pelo que pensamos dele e pelo que fazemos dele.
Quando um dia começamos a caminhar.
Caminhar através das emoções, não como turismo, não como refúgio mental analisando tudo e todos, percebemos pouco a pouco que as estruturas internas, a nossa vida não tem valido nada.
Percebemos que andamos a avaliar as coisas por graus e números - relações, conta bancária, sucesso - quando na verdade devíamos avaliar por Qualidade de alma.
Damos conta que o tempo é valioso, que os nossos hábitos e objectos apesar de poderem ser úteis são apenas isso, um caminho para algo, nunca o destino em si.
É então no fundo desse processo, que em mim ainda não terminou, que nos damos conta que tudo está perto e não longe, que a escolha está nas nossas mãos e pensamentos, que tudo é um Golpe de asa da Alma.
Libertamos pouco a pouco a critica e voltamos-nos para o nosso aperfeiçoamento, vivendo com naturalidade, e apostando em nós antes de qualquer coisa exterior.
Talvez seja ai que a casca do ego fenda, e possamos Viver com V grande, naturalmente, com amor, só Amor, porque no fundo Só o Amor interessa e só o Amor Salva.

João Franco



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Uma jornada em palavras

Dia 0
Apenas pelas 12 horas tive o insight para onde iria.
Arranjei tudo, desisti da tenda e antes das 14h40 estava em Sete Rios. Destino - Valença do Minho.
Felizmente no autocarro tive como companhia Raul Mazilu, um jovem advogado proveniente da Roménia.
Devo confessar que ficamos bastante tempo a conversar, enquanto nos dirigiamos para o Porto, onde ele saiu e eu prossegui viagem noutro autocarro.
O único problema do dia foi os autocarros não terem o WC disponivel. De Lisboa ao Porto foram mais de quatro horas e tive que ir ao motorista pedir chave quase por favor...........
Do Porto a Valença, uma senhora meio tia meteu conversa comigo e falou me das suas férias e da sua nova vida como ''nanny'' na Suiça.
22h30 em Valença. Escuro como breu, mala pesadissima, onde fica a porcaria do Hotel???
Felizmente há segunda tentativa lá dou com ele.

A primeira ilusão a cair é a do Dinheiro. Gasta-se sempre imenso, seja em dormidas, comida ou transportes.
É a grande barreira.

A segunda ilusão é a da Mala. Pesa para caramba. Devia ter previsto isto.
Talvez leve cerca de 18-20 quilos as costas para andar 8 dias mais de 15 quilometros de terra batida e montanha.
Adormeço meio atormentado mas centro-me na Presença.



Dia 1

''Não tenhas planos para a vida, para não estragares os planos que a vida tem para ti''.
Tomei o pequeno almoço e dirigi-me para Tui.
A ponte do Rio Minho é linda. Ali está o rio, verde, cheio de canaviais, barquinhos antigos, etc.
Daria um lugar óptimo para um filme de Tom Sawyer!!
E Tui aparece linda com a sua catedral altiva.
Caminho em direcção a ela. Paro uma vez para descansar e alterar o peso da mala.
Esperava dormir em Tui.
Mas era tão cedo ainda.
Em frente da catedral encontro uma senhora de 60 anos muito simpática. Cheia de energia e vitalidade.
É a Jenny. Eu costumava chama-la Ginny, porque de algum modo a pronúncia da Nova Zelândia é diferente da europeia.
A Jenny fez todo o caminho frances- de Roncesvalles a Vigo, foi a Lisboa, e no Porto começou a subir para atingir Santiago.
Ela diz-me que pretende ir até Porriño, algo como 14-18km nesse dia.
Decido ir com ela, aliás o albergue ainda nem abriu.
Caminhamos e conversamos.
A um terço do caminho entramos numa bonita mata onde existe um belo e pequeno rio. Ai um senhor, chamado Luis molhava os pés.
Este Luis, que por vezes chamava Nuno, parecia um joker, ou um malabarista. Fazia pequenas acrobacias, e vestia-se de um modo curioso. Era sempre o primeiro a sair do Albergue e o ultimo a chegar.
Contou-me que aquele sitio era mágico e a água do rio um elemento de cura.
Continuei com a Jenny.
Lindas zonas cheias de uvas e maçãs e também figos...
E também, a zona industrial de Porriño que parecia uma estrada sem fim. Zonas de mau cheiro, zonas sem nada para ver, e zonas sem fim. Aterramos numa terriola antes do destino onde bebemos uma coca cola.
Ai uma rapariga do café fazia altas festas a um gato gritando alto o nome do mesmo - Mirabel!
E depois sentava-se com os clientes a conversar e a fumar.
Porrino chegou depois. E Finalmente que chegou...
Havia festa na cidade percebemos.
Deixamos tudo no albergue. Eu percorri o jardim da cidade, que tinha inicio no albergue e fui conhecendo de longe alguns dos meus amigos de jornada.
Há distancia de uns dias vejo aparecer algumas caras que se tornariam rotineiras.
Após um passeio pelo jardim vou até a cidade. Na igreja participo numa missa pouco participada de 3 pessoas. E depois passeio pela cidadezinha. Bem engraçada mas nada de muito especial.
Volto ao albergue. Vou conversando com um casal italiano que caminham desde Lisboa, chega a familia Matos - o Luis, o Raul e a Helena, etc.
Ao anoitecer converso um pouco com todos e adormeço.



Dia2

Não consegui dormir nada de especial. Não estou habituado a dormir no saco cama, a dormir num dormitório, em ouvir tantos roncos e objectos a cair.
Levanto-me perto das 6h30.
Visto-me.
Temos que sair antes das 8h.
Vou metendo conversa.
Saio para a rua e eis que a porta se fecha.
É de saida apenas, ou seja não posso voltar a entrar.
Felizmente há muita gente em pé. Vejo um jovem alto, muito ensonado a dirigir-se a porta.
Conheço então o Álvaro e a Cristina, ambos andaluzes. Talvez o casal mais jovem da jornada.
Muito simpáticos e abertos.
Espero a Jenny.
Redondela é o destino.
É uma cidade com alguns toques medievais e desde que cheguei algo me diz que existe um segredo por ali.
Algo histórico..
Felizmente o caminho foi menos árduo que o anterior - 14-15km.
Maçãs no caminho ajudaram a recuperar as forças. Alguns espanhois ofereceram agua mas felizmente tinha.
Tinha comprado em Porriño uma enorme sandes de chouriço e manteiga que serviu para almoço e jantar.
Passeei por Redondela. Metendo conversa com Paco de Valência, Cézar de Madrid, e o casal americano Pam e Wylliam ( não me enganei a escrever o nome!).
Tiro uma foto com os ultimos e Theo uma amiga deles.
Á tardinha tomei uma bebida com Jenny num café esplanada onde nos ofereceram milho frito, amendoins torrados e batatas fritas.
Segui para conhecer a Igreja. Foi aborrecido. Igreja enclausurada, medieval e de algum modo perdida no tempo.
Chego ao albergue e tenho na minha cama um ananás!!
Penso ser do senhor alemão na cama ao lado...
Mas lembro-me que no caminho disse á Jenny - O universo pedi maçãs e deram-me, quem sabe não recebo um ananás.
Rio e abraço-a .
Arranjamos uma faca onde comemos ananás.
Vamos metendo conversa com Marie, uma filipina que mora na Dinamarca, Corinne uma francesa americanizada, entre outros.
Curiosamente existem  mais alguns portugueses. Porque razão serão sempre os mais burros e superficiais?
Nem todos obviamente.
Luis, Helena e Raul são uma boa excepção.  Mas também eles não são simples peregrinos, Seguem a ALMA....e isso diz muito.
Luis conta-me que já fez muitas vezes o Caminho e que algo fica sempre - o bichinho de voltar, a semente de uma nova peregrinação.
Talvez sim, talvez não penso eu nesses dias. Como está ele tão certo e eu tão errado!!



Dia 3

Até Pontevedra é um forte desafio - quase 20km.
Jenny e eu continuamos a ser uma dupla da caminhada. Apesar de ir conversando com todos, ela é um apoio forte.
Passamos pequenos monumentos, lindos e singelos cruzeiros, a Ria, as ilhas, mas nada muito definido porque é a hora do amanhecer e o nevoeiro é forte.
Chego quase morto a Pontevedra. Tenho que parar no caminho porque me sinto tonto e sem forças.
Bebo sumo, água, chocolate e reforço a dose de cortisona.
Pontevedra traz-me uma surpresa.
O albergue é um dos mais modernos.
Um terapeuta de massagens diz-me para sugerir a Pam, a americana, uma massagem.
Jenny e Pam querem ambas.
De repente descubro que o massagista é portugues. É o Luis Franco.
como se uma caixa de Pandora se abrisse nesse mesmo dia lanço a tarot para várias pessoas.
Luis Matos e Helena dizem que sem os conhecer acertei nos pontos todos.
E Raul, surpreende-me a mim ao conhecer o tarot sem qualquer conhecimento.
Conheço Justine, uma outra rapariga da Nova Zelandia. Deixou tudo - relação, profissão, terra, para caminhar.
Franco tambem esta a caminhar.
De repente sentamos-nos os 3 jovens. o Luis Franco vai fazer um jantar para nos, eu cozo castanhas que encontrei no caminho, bebemos vinho.
torna-se uma noite deliciosa.
Conto a Luis Matos algumas experiencias mais internas minhas.
E com Luis Franco e Justine temos uma noite divertida.
Tambem no dormitorio mandam-me calar a mim e a Álvaro e Cristina.
Fica para sempre o nosso mote - schuuuuuuuuuuu
Deito-me calmo e consolado. Foi um dia cheio.


Dia 4

Acordo cedo, perto das 4h.
Não consigo dormir.
Uma cambada de ciclistas portugueses ficou ali, tornando de algum modo o ambiente insuportável.
Mais tarde a Helena conta-me que também sentiu o mesmo.
Deixo uma mensagem ao Luis Franco e a Justine.
Parto antes de Jenny. Preciso de ficar sozinho.
Não sou um perito em andar e sinto que sem mim Jenny anda mais rápido.
Caminho pela noite cerrada.
Imensos jovens bébados andam pela cidade de Pontevedra.
Subo um monte adornado por um cemiterio iluminado e uma igreja de Santa Maria.
Lugar estranho, ouvem-se corujas e corvos.
Em S.Caetano páro.
São 6h40 da manhã.
Andei 8 a 9 km.
Volto a entrar na mata. Lugares tão escuros e tão bonitos.
O dia amanhece quando chego ao alto, a S.Marçal.
As 8h em ponto entro no café de Noélia e Manoel. São muito simpáticos e o pequeno almoço é muito barato e bom. Oferecem-me uma concha.
Sigo para Caldas de Rey.
Sinto-me tão cansado destes dias, tão fatigado emocionalmente por noites mal dormidas e tantas experiencias que entro em esgotamento.
Choro compulsivamente. Ligo para casa e ninguém atende. Fico alarmado mas nada de especial.
Acalmo e sigo para Caldas.
Infelizmente o grupo dispersa-se. Uns ficam a 3km de Caldas, outros passam Caldas e seguem adiante e eu fico.
É domingo. Muitas lojas estão fechadas.
No albergue chegam alguns conhecidos mas nada dos mais amigos.
Chega o Michael Foxe, um irlandes que ja tinha conhecido.
Curiosamente vamos conversando imenso - politica, economia, caminho, etc.
A noite vai ser genial. Desde as 17h que o albergue não tem ninguém.... Á noite dão me uma chave a mim.
As luzes não se apagam e não posso fazer muito barulho porque duas espanholas chatas do caminho estão ali.
 São as cranky como diz o meu amigo Michael.
Vou fechar a porta...não posso, falta Cézar.
Paco de Valência diz-me que está no café ao lado.
Uma das cranky diz-me se a porta esta fechada ? Nao, cezar nao chegou :D
E as luzes?
Deito-me.
Michael tenta apagar as luzes, mas elas ficam mais fortes :D
- Its better now ?
e eu entre risos abafados para as cranky não começarem a reclamar digo perdido de riso
- No Michael,  much worse!!
Tentamos ligar e desligar luzes. Nada funciona e corremos o risco de ligar as luzes todas...
Desenrosco algumas luzes e pronto.
adormeço meio tapado no saco cama.


Dia 5

Chove imenso.
Cansado, bolhas nos pés, sem roupa de chuva..
Começo a desistir, talvez o melhor seja um autocarro para Pádron, próximo destino.
Mas nem autocarros aparecem.
Luis Matos liga-me. Ele e a familia vêm a caminho porque ficaram longe.
Compro uma capa de chuva a 3 euros mas é fragil e nao protege a mala.
Os Matos ''aterram'' a minha frente como anjos - vestidos de capas protectoras e fortes.
Luis tira umas calças impermeaveis da mala, o casaco impermeavel de Helena e dão me a mim. Põe sacos na minha mochila e estou preparado para caminhar.
Agradeço imenso a sua ajuda.
Pádron está longe.
É um caminho lindo mas a chuva forte, o cansaço acumulado e as bolhas nos pés fazem-me tremer.
Chegamos a um café. Pam e Wylliam estão lá. Despeço-me sem saber que não os voltarei a encontrar.
Continuamos a percorrer mais 16 km.
Padron aparece.
E estranhamente chego a Padron e quase todo o grupo esta la - Alvaro e Cristina, Michael Foxe, Marie, Paco e César, as Cranky e outras duas senhoras, e claro Jenny.
Abraços e encontros emocionados.
Luis Matos e Helena compram-me uns chinelos de quarto porque os meus sapatos estavam inundados e linha e agulha para cozerem a bolha que tenho no pé.
Após isso fui com o Michael e o pequeno Raul passear.
Foi muito divertido. A igreja, as ruas, o chocolate quente.
Jantei com todos no refeitório do albergue. Ai os espanhois deram-nos pizza, bolo e vinho.
Celebramos.
Uma das senhoras espanholas encontrou-me várias vezes em vários sitios sempre a conversar com diferentes pessoas. E dizia-me - Tu hablas muchissimo!!
Adormeci calmo. Sabia que faltavam 25km para Santiago.



Dia6
O caminho foi longo.
Não o mais duro mas extenuante.
Encontrei no caminho Jenny, onde demos forte abraço.
Combinamos na quarta feira as 11h na Catedral.
Continuei o caminho.
Foi duro mas finalmente chegamos.
Existe uma emoção fortissima quando chegamos e entramos na Catedral.
É uma catarse.
O Fim do processo.
se bem feito, se fortemente emocional é um momento climax.
Foi o que senti,
Uma energia fortissima.
Chorei várias vezes e depositei uma pedra do caminho molhada com as lágrimas que brotavam dos meus olhos.
Por fim encontramos um quarto, ou melhor 2 quartos onde dormimos..



Dia 7

Após o pequeno almoço despedi-me.
momento duro.
momento forte.
Chuva caia quase torrencialmente.
Catedral cheia
E nada de ninguem.
E eu sem dinheiro, apenas o suficiente para voltar para casa.
Fui ate a estação dos autocarros.
Estava ensopado.
Havia em 15 minutos um transporte para Lisboa.
chegaria perto das 0h porque pararia em Vigo, Porto, Albergaria, Coimbra e Fátima.
Enquanto tirava o bilhete apareceu o meu amigo Michael.
Tambem ia para Porto para o aeroporto.
Ele disse que com tanta chuva e com o voo não pudera estar na Catedral.
Conversamos ate ao Porto.
Tambem conheci o Steffan, alemão que terminara também a peregrinação, e que saiu no Porto mas Casa da Música.
O resto do caminho são memórias, são reflexões.
Muitas horas de fome e solidão até chegar.

(image of Jenny Corbett)

E o que fica?
Amigos
Uma viagem riquissima que as palavras não dizem nada
Emoções
sensações
e um desejo de voltar
de outro modo talvez
Nada volta a ser como era, assim sinto, assim seja...

O ''meu'' Estranho Caminho de Santiago


"CAMINHANTE, NÃO HÁ CAMINHO,
O CAMINHO É FEITO AO ANDAR.
AO ANDAR SE FAZ O CAMINHO
E AO OLHAR PARA TRÁS,
SE VÊ A SENDA QUE NUNCA
SE VAI VOLTAR A TRILHAR.
CAMINHANTE NÃO HÁ CAMINHO,
SOMENTE RASTROS NO MAR"

Antonio Machado


*
Que dizer deste percurso tão longo e tão curto, desta semana de 7 dias que me pareceram 7 semanas, destas experiencias tão intensas que falar delas é como falar da espuma do mar?

120 quilómetros de caminho que se desdobravam em outros 120 quilómetros de caminho, de lugares comuns misturados de suor, lágrimas, bolhas nos pés, adocicados por novas amizades, pelos sinais do divino, pelo silêncio e a festa.

Que reter? Que mudou?
Porque parece que nada é igual?

Agora que caminhei sinto-me num poço de amarguras.
Ontem foi um dia terrivel. Desejadas chegadas e dolorosas partidas.
Que fazer hoje?

talvez voltar a caminhar.....

quarta-feira, 1 de outubro de 2014



´´O problema da ilusão é que não mostra os defeitos.''
Maria Lisete Soares


grande Verdade!!!
a ilusão faz tudo parecer fácil, divertido e audacioso!
Grande mentira que é a ilusão....

As Palmeiras

  Estou aqui e nao vejo as palmeiras bem em frente a mim. Nao vejo a marina, nem o mar, nem as pessoas que passam. Eu apenas vejo os meus ...